Em carta publicada na revista o senador confirma contato com José Eduardo Barrocas, chefe da Petrobras em Brasília, com objetivo “institucional” de fazer a “interface” entre a companhia e o Congresso
“Não sou membro de nenhuma das CPIs
da Petrobras, mas confirmo meu contato com José Eduardo Barrocas, chefe do
escritório da Petrobras em Brasília, com o objetivo institucional de fazer a
interface entre a companhia e o Congresso Nacional”. Este é um trecho da carta
do leitor, publicada na edição da Revista Veja, desta semana, assinado pelo
senador Delcídio do Amaral. Objetivo Institucional??? Interface?????
Na carta, Delcídio confessa que foi
surpreendido com a reportagem sobre a CPI da Petrobras, envolvendo seu nome com
base numa gravação que a revista teve acesso, revelando uma armação para
blindar os investigados na CPI da Petrobras, em especial a presidente da
estatal, Graça Foster e o ex-diretor Nestor Cerveró.
A defesa do senador Delcídio, no
entanto, se limitou ao simples espaço da carta do leitor na revista. Na mesma edição a revista volta a citar o
nome do senador, várias vezes na reportagem intitulada “A armação, quadro a
quadro”, detalhando os quase 20 minutos de conversa gravados pela caneta espiã,
gravados entre a cúpula jurídica da Petrobras, tendo como principal personagem
o chefe do escritório da estatal, em Brasília, José Eduardo Barrocas, o mesmo,
que Delcídio confessa ter mantido “conversa institucional”. A principal preocupação da cúpula era com a
orientação e blindagem de Nestor Cerveró, amigão do senador, um dos principais
acusados na compra superfaturada da Usina de Pasadena, dos Estados Unidos.
Na reportagem da revista são destacados
os 14 principais trechos da conversa. Num deles, a revista volta a lembrar o
caso envolvendo o nome do senador. Delcídio envolvido em gravação na farsa da CPI .“O nome do senador petista Delcídio Amaral
(MS) aparece na trama. Amigo de Cerveró, Delcídio fora escolhido como um dos
canais de comunicação com o ex-diretor”, destaca a reportagem. “Como nós
soubemos que a gente não podia fazer contato com ele (Cerveró), o pessoal do
Senado pediu pro Delcídio fazer. Aí ao Delcídio eu falei: é o seguinte,
compacta aí. Chamaram ele, deram curso para ele, media training. Calderaro
reforça: Ontem a tarde toda. E jurídico da Petrobras do lado. O pessoal não
queria ficar de conversa com ele. Nós pedimos ao Delcídio prá conversa com
ele”, afirma Barrocas.
A reportagem da Veja enfatiza que o
encontro ocorrido em Brasília não foi a preocupação de um simplesmente
treinamento entre os envolvidos. “Se
tivesse sido uma operação normal, não haveria preocupação em encontrar
alternativas para conseguir um acesso mais discreto a Cerveró. Se tivesse sido
um jogo limpo, não haveria por que o antesser perigoso”, afirma a revista.
Sobre o vídeo que provocou espanto no
Brasil, Veja é contundente: é uma tenebrosa transação feita longe dos olhos do
povo, da polícia e da Justiça com o objetivo de fraudar o funcionamento da
Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado. “Desmoralizar as CPIs só interessa
aos corruptos contumazes”, encerra a reportagem.
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